No dia 7 de julho de 2017, no auditório do CBMA – Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem, a organização internacional não-governamental Arbitral Women promoveu um seminário em que se discutiu o tema “Preconcepções em Arbitragem”. O evento foi aberto pelo Presidente do CBMA, Gustavo Schmidt, e pela representante da Arbitral Women no Brasil, Ana Weber. O Presidente fez questão de ressaltar as ações concretas que o CBMA tem promovido em prol da igualdade da nomeação de árbitros de ambos os sexos e assinou, nesta oportunidade, o Pledge da Arbitral Women sobre o tema.

 

Em seguida, sob a presidência de Mariana Cuozzo, Secretária Geral do CBMA, iniciaram-se as palestras. Na primeira exposição, Ana Weber apontou através de alguns exemplos do dia a dia como nossas ideias preconcebidas nos fazem tomar decisões baseadas muitas vezes em aparência. Trouxe ainda dados sobre o número de mulheres presentes nas listas das principais câmaras arbitrais, com a conclusão de que esses nomes não ultrapassam o percentual de 20% das listas mencionadas. Na segunda exposição, Octavio Fragata discursou sobre como preconcepções afetam o julgamento dos árbitros, pelo que é necessário um maior cuidado com relação à prova testemunhal, cuja análise pode ser eivada de distorções a partir de ideias preconcebidas. Na terceira exposição, Natalia Lamas discorreu sobre algumas ideias que erroneamente rondam a arbitragem, como a da celeridade e de sua utilização por um público amplo, para concluir que o instituto não se presta a ser usado indiscriminadamente, sendo mais adequado para casos de maior monta e complexidade.

 

No último bloco, Nadia de Araujo teceu comentários gerais sobre as palestras anteriores e comentou a influência de ideias preconcebidas no cenário da  arbitragem comercial internacional. A partir de um estudo realizado pelo Professor de Duke, Ralf Michaels, analisou como a comunidade internacional dedicada à arbitragem e composta de árbitros das mais diversas nacionalidades anseia por estabelecer traços comuns, quando na verdade é composta de um grupo heterogêneo de pessoas, de formação tanto dos sistema da common law quando do direito civil. Certamente é pela convivência em inúmeros fóruns internacionais e por publicações que acabam por reiterar conceitos comuns, que essa comunidade estreita seus laços e se habilita para lidar com os grandes casos internacionais.